Testemunha de um crime social: a realidade da detenção de crianças imigrantes nos EUA

Todos os dias, milhares de crianças imigrantes são detidas em instalações administradas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Por um breve momento em 2018, quando Donald Trump iniciou uma política de 'tolerância zero' de separação familiar, a mídia corporativa noticiou as condições nessas instalações. O momento passou e as câmeras foram embora, mas as condições permanecem as mesmas. Em 2018, o World Socialist Web Site entrevistou crianças detidas em uma instalação em Brownsville, Texas. Hoje, essas instalações estão novamente superlotadas como resultado da decisão do governo Biden de prender e deter crianças imigrantes. O WSWS está republicando este longo artigo, baseado em longas entrevistas com muitos detentos. ***

Na mídia corporativa, no establishment político e na "esquerda" da classe média, o som de apelos hipócritas à responsabilidade dos Estados Unidos de defender a democracia na Ucrânia tornou-se ensurdecedor. Sem um pingo de pensamento crítico, o Mighty Wurlitzer da propaganda de guerra começa a girar. Dizem-nos que um governo ucraniano cheio de neonazistas é um farol de esperança democrática, que bombas americanas estão sendo enviadas para salvar vidas, que sanções americanas que sufocam o abastecimento mundial de alimentos e jogam centenas de milhões no caminho da fome são necessárias medidas humanitárias.

A maior mentira de todas é que os EUA defendem a liberdade e a democracia. Como disse a vice-presidente Kamala Harris no início da guerra, no início de março, "a Ucrânia é um país da Europa. Existe ao lado de outro país chamado Rússia. A Rússia é um país maior. A Rússia é um país poderoso. A Rússia decidiu invadir um país menor chamado Ucrânia. Então, basicamente, isso está errado e vai contra tudo o que defendemos."

A história recente fornece ampla evidência do que o imperialismo americano realmente "representa", que é a destruição da classe trabalhadora internacional em nome do capital financeiro. O espectro do imperialismo americano paira sobre as populações do Iraque, Líbia, Somália, Afeganistão, Sérvia como o general conquistador e aspirante a ditador Caius Martius em Coriolano de Shakespeare:

Estes são os arautos de Martius: diante dele Ele carrega barulho, e atrás dele deixa lágrimas. A morte, aquele espírito sombrio, no braço nervoso jaz, Que sendo avançado, declina, e então os homens morrem.

A constante enxurrada de propaganda de guerra oferece ao mundo a oportunidade de revisitar com mais detalhes a relação histórica entre os Estados Unidos e seus vizinhos menores ao sul, na América Central, e o impacto de um século de destruição imperialista que só pode ser chamado de sociocídio.

As alegações de que os piores "excessos" da política passada foram corrigidos são desmentidas pelo tratamento dispensado aos imigrantes centro-americanos, incluindo crianças, que continuam a fugir desses países como resultado da destruição causada pelo imperialismo americano.

Por uma breve série de semanas em 2018, o tratamento de crianças imigrantes nos Estados Unidos foi assunto do noticiário nacional e internacional. Centenas de milhões nos Estados Unidos e internacionalmente ficaram chocados e horrorizados com o tratamento dado às crianças imigrantes, muitas das quais foram tiradas de suas famílias na fronteira. Isso não foi produto de ações de carcereiros locais ou guardas de fronteira errantes, foi a política do governo federal.

Nada disso pode ser falado hoje. A mídia e os políticos democratas, incluindo aqueles que viajaram para a fronteira e fingiram chorar, ignoram os grandes crimes sociais que indubitavelmente estão sendo cometidos pelo governo dos Estados Unidos. Em vez disso, concentram-se exclusivamente nos crimes supostamente cometidos pelo governo da Rússia.

Este artigo é uma contribuição para a montanha de evidências que descrevem os imensos crimes perpetrados pelo imperialismo estadunidense dentro de suas próprias fronteiras. Aqui, pela primeira vez, o WSWS documenta as condições em um centro de detenção infantil, publicando extensivamente as palavras dos próprios detidos.

Este é um relato das condições em um centro de detenção de crianças imigrantes em outubro de 2018, que o autor observou como advogado. Embora três anos e meio tenham se passado desde que as cenas aqui descritas aconteceram, elas não poderiam ser mais relevantes para expor as mentiras que estão no cerne da propaganda de guerra dos EUA hoje. Nenhum governo que implemente tais condições como política de estado tem o direito de se apresentar como defensor do humanitarismo. E embora Trump estivesse no cargo quando os eventos aqui descritos ocorreram, as condições não melhoraram para os imigrantes sob a administração de Joe Biden, que efetivamente barrou o direito ao asilo invocando medidas de saúde pública.