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Apr 27, 2023

Pela primeira vez no mundo, o gel desencadeia a criação de eletrodos em organismos vivos

A bioeletrônica é um campo médico em expansão, mas pode ter acabado de dar um salto gigantesco, com cientistas cultivando com sucesso eletrodos em tecidos vivos, abrindo caminho para circuitos eletrônicos totalmente integrados para tratar distúrbios neurológicos.

Cientistas das universidades de Linköping, Lund e Gotemburgo, na Suécia, forjaram eletrodos em tecidos vivos usando as moléculas do corpo para acioná-los. Os pesquisadores são os primeiros a fazer isso com sucesso sem a necessidade de sinais externos ou modificação de genes.

Em experimentos conduzidos na Universidade de Lund, um gel contendo enzimas como "moléculas de montagem" foi injetado em peixes-zebra e sanguessugas medicinais. A partir disso, os cientistas observaram que eletrodos se formaram no cérebro, coração e nadadeiras caudais do peixe-zebra e ao redor do tecido nervoso das sanguessugas. Os animais não foram prejudicados pelo gel nem afetados adversamente pelos eletrodos.

"Ao fazer mudanças inteligentes na química, conseguimos desenvolver eletrodos que foram aceitos pelo tecido cerebral e pelo sistema imunológico. O peixe-zebra é um excelente modelo para o estudo de eletrodos orgânicos no cérebro", explicou Roger Olsson, professor do Medical Faculdade, Universidade de Lund.

Geralmente, os objetos implantados são necessários para iniciar os circuitos elétricos no corpo. Não surpreendentemente, a equipe levou vários anos para desenvolver o gel, que exigia a estrutura e os componentes corretos para ter sucesso nas células animais.

"O contato com as substâncias do corpo altera a estrutura do gel e o torna eletricamente condutivo, o que não era antes da injeção. Dependendo do tecido, também podemos ajustar a composição do gel para fazer o processo elétrico funcionar", disse Xenofon Strakosas, pesquisador PhD no Laboratório de Eletrônica Orgânica (LOE), Linköping University.

Embora tudo possa soar como ficção científica agora, os pesquisadores acreditam que esse caminho de estudo verá, a longo prazo, circuitos totalmente integrados no corpo humano – algo que pode mudar a face das terapias neurológicas. A equipe admite que há "uma série de problemas a serem resolvidos", mas que este estudo oferece uma nova perspectiva sobre a bioeletrônica.

"Por várias décadas, tentamos criar eletrônicos que imitam a biologia", disse Magnus Berggren, professor da LOE. "Agora vamos deixar a biologia criar a eletrônica para nós."

O estudo foi publicado na revista Science.

Fonte: Universidade de Linköping via EurekaAlert!

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